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Mostrando postagens de novembro, 2013

Morrer é preciso!

Ostras, habitats naturais daqueles que escondem as palavras, dos que guardam a alma, dos que se perdem em silêncio. Retirar o mistério que as habita torna-se morte, dor que revela a luz mais viva, mais terna do que o sol. Nascimento do que existia sem ser. Lorena Barreto

Chá da Tarde com Woolf

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Virginal, eu a contemplo debaixo de um emaranhado. Descansa em alvura, insiste em deixar-me caminhando pelos nós que a revelam senhora das palavras soltas, esfíngicas. Observo seu turvo rosto de linhas arqueadas, delicadeza desnudada na face. São elas que contam sua vida, não as finas e longas sinas marcadas em suas fatigadas mãos. Seu olhar dança com a imensidão. Árdua tarefa decifrá-la. Fixar as retinas em seus olhos certeza é de obscuridade, profunda fragmentação,  vêm de suas íris labirínticas. Inutilmente, tento distingui-la da paisagem. Morta, tão inclinada para si mesma que o céu plúmbeo, sombrio, serve-lhe de vestido. Ignoto ser do crepúsculo, seus enigmáticos laços devoram-me tal qual Clarissa se perdeu nas linhas trêmulas, mortais, dos ponteiros reminiscentes.  Lorena Barreto