Virginal, eu a contemplo debaixo de um emaranhado. Descansa em alvura, insiste em deixar-me caminhando pelos nós que a revelam senhora das palavras soltas, esfíngicas. Observo seu turvo rosto de linhas arqueadas, delicadeza desnudada na face. São elas que contam sua vida, não as finas e longas sinas marcadas em suas fatigadas mãos. Seu olhar dança com a imensidão. Árdua tarefa decifrá-la. Fixar as retinas em seus olhos certeza é de obscuridade, profunda fragmentação, vêm de suas íris labirínticas. Inutilmente, tento distingui-la da paisagem. Morta, tão inclinada para si mesma que o céu plúmbeo, sombrio, serve-lhe de vestido. Ignoto ser do crepúsculo, seus enigmáticos laços devoram-me tal qual Clarissa se perdeu nas linhas trêmulas, mortais, dos ponteiros reminiscentes. Lorena Barreto
Comentários
Postar um comentário
Olá, obrigada pela visita ao meu blog, deixe um comentário para que eu saiba o que você achou da postagem.