Do alto da inércia que me paira,
assisto sentada ao deslizar de meu corpo
sobre a lâmina brilhante de um punhal.
Insistente sou em vagar
nas horas tardas.
Sinto trêmulos ponteiros a fragmentar
as linhas certamente finitas
de minha ímpar existência.
Divagando observo aos furtos
que o destino lança contra
a tênue linha que me tece.
E assim, a cada dia, encontro minúsculas
elipses que tramam minha composição.
Um dia serão tantas que me tornarão opaca.
Esse processo de desmanche
já me é dado a conhecer desde tenra idade,
pois que vejo o chronos a devorar-me,
mesmo antes de dar meus primeiros passos.
Porém, engano do voraz que pensa
findar minha essência na matéria.
Não sabe ele que sou imortal.
Lorena Barreto
(29/04/2014)
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