Ostras, habitats naturais
daqueles que escondem
as palavras,
dos que guardam
a alma,
dos que se perdem
em silêncio.
Retirar o mistério
que as habita
torna-se morte,
dor que revela
a luz mais viva,
mais terna do que o sol.
Nascimento do que existia
sem ser.
Lorena Barreto
terça-feira, 26 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Chá da Tarde com Woolf
Virginal, eu a contemplo
debaixo de um emaranhado.
Descansa em alvura,
insiste em deixar-me
caminhando pelos nós
que a revelam
senhora das palavras
soltas, esfíngicas.
Observo seu turvo rosto
de linhas arqueadas,
delicadeza desnudada na face.
São elas que contam sua vida,
não as finas e longas sinas
marcadas em suas fatigadas
mãos.
Seu olhar dança com a imensidão.
Árdua tarefa decifrá-la.
Fixar as retinas em seus olhos
certeza é de obscuridade,
profunda fragmentação,
vêm de suas íris labirínticas.
Inutilmente, tento distingui-la da paisagem.
Morta, tão inclinada para si mesma
que o céu plúmbeo, sombrio,
serve-lhe de vestido.
Ignoto ser do crepúsculo,
seus enigmáticos laços
devoram-me tal qual Clarissa
se perdeu nas linhas trêmulas, mortais,
dos ponteiros reminiscentes.
Lorena Barreto
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