Me parto em cenas: o parto de um novo ser e o morrer de outrem.
Crescer é uma antropofagia de si. Engulo partes de mim. Antigos eus que se misturam para dar vida a um novo. Como uma casca que já não me serve mais, me dispo de quem fui. Levo apenas algumas memórias, boas e más histórias, derrotas e glórias que tecem um novo alguém. A dor e o sofrimento são as agulhas mais afiadas nesse tear, preparando o necessário para um desabrochar. Dolorido processo. O morrer de outrem é o nascer de outro eu.
Só a essência permanece, nada mais resta.
Autorretrato/Self portrait |
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